Greenpeace: energias renováveis são o paraíso dos investidores
O investimento em massa em energias renováveis pode dar origem a uma indústria com um facturamento anual de 360 bilhões de dólares, indica um estudo apresentado pela organização ambientalista Greenpeace no dia 27 de Outubro de 2008 , em Berlim.
Esta indústria de energias renováveis forneceria metade da eletricidade mundial e permitiria economizar no futuro 18 trilhões de dólares em gastos de petróleo, além de proteger o clima, de acordo com este relatório que esboça um plano de acção para reduzir as emissões de CO2.
O investimento na proteção do clima é economicamente rentável, afirmou a Greenpeace, reforçando os seus argumentos num momento em que a crise financeira levanta vozes contra os planos de combate ao aquecimento global.
"O mercado mundial de energias renováveis pode aumentar de tal forma que antes de 2050 já teria o tamanho da indústria fóssil de hoje", afirmou Oliver Schaefer, um diretor do Conselho Europeu das Energias Renováveis (EREC), co-autor do projeto junto com o Greenpeace Internacional.
"Actualmente, o mercado de energias renováveis tem um valor de 70 bilhões de dólares e duplica o seu tamanho a cada três anos", acrescentou.
"Por causa da economia de escala, as energias renováveis, como a eólica, já estão em condições de competir com as energias convencionais", acrescentou Schaefer, que garante: não existem barreiras técnicas para este desenvolvimento, mas sim barreiras políticas.
Sven Teske, especialista em energia do Greenpeace e co-autor do relatório, explicou que um investimento mundial de nove trilhões de dólares em energias renováveis criaria um sistema altamente lucrativo e faria despencar as emissões de gases causadores do efeito estufa.
"Essa crise financeira vai passar, mas a crise climática não vai", destacou, na entrevista coletiva na qual apresentou o estudo "(R)Evolução Energética: uma Perspectiva da Energia num Mundo Sustentável".
Com investimentos dessa ordem, os custos com combustível no futuro também devem cair significativamente - cerca de 18 trilhões de dólares -, as emissões de gases causadores do efeito estufa diminuiriam até 2015 e a média de emissões de CO2 por terráqueo despencaria das atuais quatro toneladas para apenas uma até 2050, segundo o estudo.
"Sobretudo no contexto da actual de instabilidade económica, investir em tecnologia de geração de energias renováveis é um cenário onde todos ganham: ganhamos em segurança energética, ganhamos na economia e ganhamos no clima", estima o relatório, ressaltando que as únicas barreiras que ainda restam para que comece este processo são de natureza política.
Além disso, o Greenpeace acredita que tudo isso pode ser alcançado ao mesmo tempo em que garantirá que China, Índia e outras nações em desenvolvimento tenham acesso a toda a energia de que precisam para se expandir.
"Países como China e Índia estão em uma boa posição para aproveitar a oportunidade trazida pelos enormes investimentos que serão feitos para a revolução energética", indica o director do programa do Greenpeace Internacional.